REVIEWS | ADVOGADO DO DIABO

Segundo a Bíblia, o homem é inerentemente mau, o que o torna suscetível ao pecado e a maldade, precisando apenas de um estimulo para se afastar da presença de Deus. Contudo, o livre arbítrio nos foi conferido enquanto criação divina e nos permite escolher entre o Certo e o Errado. Sendo assim, a Liberdade nos torna responsável, uma vez que sem ela não há o que julgar.

ADVOGAR PELA LEI, NÃO PELA JUSTIÇA

Advogado do Diabo (The Devil’s Advocate, 1997) foi dirigido por Taylor Hackford (Ray, 2004) com base no livro de mesmo nome de Andrew Neiderman. Na trama, Kevin Lomax, interpretado por Keanu Reeves, é um jovem advogado de uma pequena cidade da Flórida que nunca perdeu um caso. Sua notoriedade fez com que fosse contratado por John Milton, dono da maior firma de advogados de Nova York e vivido por Al Pacino.

Apesar da desaprovação de sua mãe, uma mulher muito religiosa, Kevin passa a viver na cidade grande dispondo de um alto salário e de muitas mordomias em função de sua fama. Sua nova vida beira a perfeição, mas sua esposa, Mary Ann (Charlize Theron), começa sentir falta de sua antiga vida e passa a ser perturbada por devaneios demoníacos.

Entretanto, o jovem advogado assume o caso mais difícil de sua vida e sede cada vez menos atenção ao seu cônjuge que a cada dia está mais confusa e desesperada. Empenhado em defender seu cliente acusado de triplo assassinato, Kevin é mantido distante de qualquer contratempo com o auxílio de seu perspicaz chefe, Milton.

UMA QUESTÃO DE PERSPECTIVA

Pecado e Liberdade são fatores recorrentes que dividem espaço na tela com Moralidade e Ética nesse longa-metragem roteirizado por Jonathan Lemkin. O filme deixa claro que “fazer a coisa certa” e “ter poder para fazer o que quiser” são coisas diferentes, mas para o protagonista a “Lei” é seu melhor argumento e sua “Vaidade” é sua maior motivadora.

Com diálogos bem desenvolvidos e contextualizados, ficam visíveis as pretensões das figuras dramáticas, permitindo desvendar a subjetividade da trama, como quando Milton diz “A vaidade é o defeito que mais aprecio nos homens” ou quando Mary Ann exalta “Amo meu marido e apoio suas vaidades”.

Milton é poderoso e por isso não precisa fazer nada além de manter o caminho de Kevin livre, enquanto Mary é tão fraca quanto influente – assim como um peão nunca descartado numa partida de xadrez - e faz seu esposo ceder ao erro por mais de uma vez, pois em Advogado do Diabo não há Inocência, apenas Liberdade sob influência.

ELENCO FORTE

O filme de Hackford conta com um elenco forte e seguro. Charlize Theron, de forma convincente, vive a esposa frágil e devota, sodomizada e que comunica sua fraqueza ao seu parceiro. Já Al Pacino incorpora um personagem sedutor e livre de qualquer conceito de moral capaz de persuadir o mais convicto dos convictos. E por fim, Keanu Reeves faz o longa naturalmente acontecer em sua volta, sem excessos e sem riscos – o que é muito bom.

CONSIDERAÇÕES

Advogado do Diabo se resume em “Olhe, mas não toque. Toque, mas não prove. Prove, mas não engula” somado a “Dizem que o melhor conselho é não dar conselho”. É um filme intrigante desde seus primeiros minutos e nos mantêm presos a suas situações deliberadamente corriqueiras de Pecados e Escolhas.

AVALIAÇÃO: Ótimo

FICHA TÉCNICA
TÍTULO ORIGINAL: The Devil’s Advocate
GÊNERO: Drama, Suspense
ORIGEM: EUA
ANO: 1997
DIREÇÃO:  Taylor Hackford
ROTEIRO: Jonathan Lemkin
ELENCO PRINCIPAL: Keanu Reeves, Al Pacino e Charlize Theron

Confira o trailer de Advogado do Diabo:



Por Jeferson dos Santos

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