REVIEW | TOMB RAIDER

Há 17 anos a Eidos Interactive lançava para Sega Saturn e posteriormente para PSone o game Tomb Raider, tendo com protagonista a arqueóloga britânica Lara Croft. Nos anos que se seguiram, ainda na quinta geração de consoles, Lara tornou-se representante feminina máxima no mundo dos videogames. Contudo, nas gerações que vieram, Tomb Raider se manteve a mesma, sob pouca evolução criativa e apenas com o visual atualizado.

Era hora de mudar, mudar tudo. Rever conceitos. Reestruturar a série, suas mecânicas, e principalmente o mais arriscado: recriar a protagonista. O reboot ficou sob os cuidados da Crystal Dynamics que soube, com maestria, dar vida nova a arqueóloga antes que ela caísse no limbo do esquecimento. Esse novo game apresenta-se apenas como Tomb Raider e leva Lara Croft, ainda muito jovem, à sua primeira aventura em uma ilha ameaçadora e enigmática.

É contrastante a diferença em todos os aspectos entre a clássica Lara e a nova, e não é errado afirmar que todas as mudanças feitas foram para melhor. As alterações são perceptíveis logo nos primeiro minutos do game, onde Lara é indefesa, amedrontada, não possui recursos e é inexperiente, mas é inteligente e dispões de forte vontade de viver e isso, a princípio, também se torna um elo muito forte entre personagem e jogador.

A frágil garota amadurece gradativamente e torna-se destemida no decorrer da aventura. Não são poucas as situações desagradáveis ou desesperadoras enfrentadas pela jovem, mas cada contratempo superado a eleva naturalmente e reforça vinculo criado entre o player e a heroína. Não tem como não se envolver com o carisma e a determinação dessa nova Lara.

Visualmente, TR é lindo. Não transmite apenas realismo, naturalidade é a palavra-chave em tudo o que se vê. Os gráficos são muito bem detalhados com texturas de ótima qualidade e efeitos de luz e sombra muito bem aplicados. Os cenários são vastos e muito bem desenhados. Em muitas ocasiões o jogador se verá parado, prestigiando os por menores dos ambientes visitados.

Os personagens também são muito bem construídos, mas obviamente a excelência do trabalho da equipe de arte e desenvolvimento se reflete na protagonista do game. Lara possui expressões faciais e corporais muito bem animadas e convincentes. Dor, raiva, frustração e alegria são transmitidos com brandura e persuasão graças ao trabalho da atriz britânica Camilla Luddington, que deu vida a jovem Lara, e da ótima aplicação de MoCap – captura de movimentos.

Camilla Luddington, atriz que deu vida a nova Lara Croft

A sensação de imersão é fortemente apoiada pela qualidade e diversidade de efeitos sonoros presentes em Tomb Raider. A trilha sonora, igualmente competente, embala a aventura acentuando os momentos de adrenalina, tensão e tristeza. Contudo, o maior destaque fica por conta da dublagem, que é excepcional para os principais personagens do game assegurando assim suas respectivas personalidades.

Além da atuação gestual, Luddington também ficou a cargo da dublagem da protagonista. E novamente, ponto para Square Enix na escolha da atriz, que é muito eficiente e envolvente, sua expressividade e entonação reforçam as emoções de Lara de forma clara nas mais variadas situações.

As mecânicas de jogo também foram refeitas e atende bem a essa nova fase da heroína com dinâmica e acessibilidade. A jogabilidade é funcional, responde de imediato aos comandos impostos pelo jogador e faz uso de todos os botões do controle sem desconforto, bastando apenas costume.


Os esquemas de combate correspondem ao estilo de jogo que o player adota para si, pois é personalizável através de um sistema de evolução, como num RPG. O sistema de cobertura, visivelmente inspirado na franquia Gears of War, funciona de forma instintiva e prática e cai como uma luva na proposta do jogo.

No entanto, Tomb Raider não é um jogo perfeito. Problemas bobos de programação, que poderiam ser resolvido numa revisão mais atenta, podem ser percebidos, mas não é nada que atrapalhe a boa experiência ofertada pela Crystal Dynamics. O modo multiplayer também não é lá grande coisa, na verdade é dispensável, já que a campanha solo por si mesma sustenta o mérito da obra.

Outro pondo negativo que precisa ser ressaltado é a mecânica de caça. No início do game ela é apresentada de forma divertida e emocionante por conta da carga dramática, onde vemos Lara fazendo o que não gostaria de fazer para se manter viva. Contudo, isso não é uma obrigatoriedade e o jogador caça e se alimenta se quiser. Vamos torcer que numa continuação isso seja mais bem explorado.

Em suma, essa nova cara era o que série precisava para se manter viva e forte meio a tantas novas franquias de peso na atual geração de consoles. Para os fãs “das antigas” fica a satisfação de contemplar algo digno da heroína em seus tempos de glória e aos recém-chegados fica a oferta de jogar os games clássicos e entender o “porquê” Lara Croft sempre foi tão amada.

Confira o trailer de Tomb Raider:


Por Jeferson dos Santos

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